quinta-feira, novembro 04, 2004

Falta de ar

O ar as vezes me falta.
Isso acontece sempre que me vejo num estado relevante, e relevante é um estado em que sentimos coisas e vemos coisas que não conseguem passar desapercebidas. Pode ser um estado de indignação. E eu confesso que me vejo muito indignada. Indignada com o mundo, com as pessoas, com a mente das pessoas, com a falta de valores éticos desse mundo em que vivemos. Por isso eu tento mudar o mundo, do meu jeito é verdade, pequenas ações do cotidiano, mas eu tento fazer a diferença.
O ar também me falta quando estou em estado de torpor, onde minha pele, minha cabeça, minha mente, rodam sem sair do lugar, quando perco a sensibilidade de minha pele, dos meus sentidos. Embriaguez. Não a embriaguez de vinho e de brasa, mas a embriaguez que pego tendo pela vida. Coisas boas ou ruins.
O ar por vezes foge do meu alcance, quando me sinto em estado de graça. Gozo. Momento sagrado, os olhos brilham, o corpo tremúla, paixão e volúpia. Assim me vejo vivendo a vida de maneira lívida.
Também fico sem ar quando presencio o poder da expectativa seguida da ação do ser humano. Pensar, sonhar e agir. Quando os homens se ajudam e buscam soluções conjuntas pra resolver aquilo que uma pessoa só não conseguiria pensar. Solidariedade, isso me faz o ar faltar.
O ar vai embora pra longe de mim, quando me pego apaixonada, e passo a sentir o cheiro dessa paixão nos momentos mais inusitados, no meio de um passeio, tomando meu banho ou saboreando uma manga suculenta que escorre por entre minha boca. É a paixão pelas coisas mundanas, pelas coisas vivas, latentes e potentes.
O ar também se esvai, com o cheiro da morte que não consigo compreender. Não consigo entender a não vida, a falta de força pra seguir adiante, a não consciência da luta, das faltas de vontades, das dores do mundo, das opressões, das repressões, das tristezas eternas que acompanham os homens.
Enfim, o ar me falta quase sempre. Nos momentos de lascívia, de amores platônicos, de torpores, de clamores, de tédio, de solidão, de indignação, de alegria, de sonhos, de virtudes, de vontades, de vida.
Eu vivo sem ar!!!!

Ou aqui: |

3 Comments:

Blogger Bruno Domingues Machado said...

Também fico sem ar quando estou indignado. Vivo indignado. Talvez por isso, escreva bastante sobre o social.

7:56 PM  
Blogger Lediana Aquino said...

Você conseguiu resumir todas as ânsias da juventude nesse texto. Há tanto a querer, tanto a viver... Falta tempo, falta ar!

Lindo, lindo texto!!

Bjo!

10:09 PM  
Blogger Sue said...

Ah, menina...

Se a ti falta ar, a mim o ar pode elevar ou derrubar. Uma doce brisa ou violenta tempestade.

Bonito teu blog. Obrigada pela visita ao Asa de Borboleta. Também virei aqui mais vezes.

Beijo

2:29 AM  

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