segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Um fantasia...

Estava ansiosa com a sua chegada. Desde que estivera em sua casa, há algumas semanas atrás, não nos vimos mais. Foram somente telefonemas e alguns emails recheados de vontades para o reencontro, mais a distância e nossos afazeres diários nos impediam de novamente nos encontrarmos, e então ficava com a lembrança viva em mim, daquele jantar que foi o começo de uma história que não sabia pra onde iria caminhar e exatamente por isso me excitava a alma e o coração. Desde que me mudei, pensei que poderia chamá-lo pra uma visita, quem sabe retribuir o jantar que ele preparou pra mim com tanto esmero e satisfação? E foi assim que o fiz. Liguei pra ele numa tarde de segunda feira ensolarada e quente. Quente estava eu também com a possibilidade de encontrá-lo de novo. Quente fomos nós dois durante todo o nosso encontro naquela noite em que viajei alguns quilômetros pra poder saborear de um delicioso menu e me fartar de tanto desejo. Ele atendeu a ligação, eu fiquei em silencio por alguns segundos e criei coragem, disse “sou eu” ele logo percebeu e me soltou um delicioso “boa tarde moça” que parece pude sentir o sorriso em sua fala. Disse que havia acabado de me mudar pra minha casa nova e gostaria de convidá-lo pra um jantar e assim poderia retribuir a acolhida que tive quando fui pra sua cidade. Ele respondeu que sim. Disse que sabia que iria valer a pena fazer essa viagem pois sabia que o jantar era o começo de tudo. A semana demorou a passar, meu desejo era tanto que as horas, os dias, os minutos pareciam demorar séculos. Sábado chegou, acordei cedo e fui arrumar a casa para recebê-lo. Cada detalhe foi planejado, comprei flores, velas, incenso, vinho, escolhi frutas frescas na feira, preparei a louça que usaria no jantar, e as taças que seriam usadas pra brindar nosso reencontro. O cardápio escolhido pra aquela ocasião: frutos do mar.
Preparei tudo com carinho. Cada ingrediente, cada toque de tempero, tudo foi feito pensando no desejo, em nossas vontades e no momentos deliciosos que aquele encontro poderia nos proporcionar. Deixei tudo preparado, a mesa, a louça, o vinho, as taças e fui me preparar pra te receber. Um banho com água morna, cabelos lavados e soltos, óleo pelo corpo pra amaciar a pele e um vestido fresco e leve. A campainha toca, olho pela janela e vejo você. Meu coração palpita, vou até a porta pra te receber. Páro na tua frente e te dou um abraço, seus olhos brilham, e me dá um beijo na face que me esquenta ainda mais. Te convido pra entrar, pergunto como foi a viagem, e você me responde que tudo correu bem, a viagem tinha sido tranqüila. Sua voz entra em meu ouvido como um turbilhão, ouvir você assim bem perto parece sonho. Te olho, lhe ofereço uma taça de vinho, você aceita e nossos olhos se encontram. O desejo nos pede passagem. Entrego a você a taça e suas mãos se enlaçam em minhas mãos num movimento involuntário quase que sem querer, mais com muitas intenções. Peço pra você escolher um CD, e apago as luzes da sala, a luz que nos ilumina agora é a do fogo das velas que exalam um perfume suave pela casa. Você me convida pra dançar e me enlaça pela cintura. Seus olhos em meus olhos, minhas mãos em teu corpo, tuas mãos em meu corpo, nosso movimento seguindo a música, os nossos passos, e o nosso silêncio que se expressa de maneira voraz e ao menos tempo suave. Ficamos ali, enlaçados um no outro, nossas mãos nos percorrendo, nossos olhos se comunicando e nosso desejo sendo descoberto. O primeiro beijo suave, sua língua, sua saliva, seus lábios. Você em meus braços, nossos abraços e a música de fundo nos brindando. Meus passos te seguiam, a música continuava e nós nos entregamos um ao outro. Nossas roupas jogadas pelo chão, nossos corpos lacivos e entregues ao desejo, sua pele esquentando a minha, nossas mãos nos percorrendo, nossas bocas nos beijando o corpo todo. Tudo com muita calma. Tato, olfato, paladar, nossos sentidos entregues ao nosso prazer. E ficamos assim, até que a paz de dois corpos saciados se instaurasse naquele nosso momento que parecia eterno. Não dissemos nada, dormimos abraçados um ao outro. Os frutos do mar ficaram para o dia seguinte. Já tínhamos matado nossa fome....

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